Todo começo de ano, milhões de trabalhadores no Brasil já ficam na expectativa sobre o que vai acontecer com o reajuste do dissídio salarial. Em 2026, o tema volta ao centro das atenções, principalmente porque o cenário econômico do país ainda está passando por mudanças, e cada categoria profissional tem suas próprias negociações e regras.
Neste artigo, você vai entender como funciona o dissídio salarial em 2026, quem tem direito, como calcular o valor do reajuste, o que fazer se a empresa não pagar, quais os prazos e diferenças entre dissídio e reajuste comum. Tudo isso com uma linguagem direta, popular e explicativa, para tirar todas as suas dúvidas de uma vez por todas.
O que é o dissídio salarial?
O termo dissídio vem do Direito do Trabalho e se refere a um conflito entre patrões e empregados, normalmente quando não há um acordo sobre salários, benefícios ou condições de trabalho. Quando esse conflito é levado à Justiça do Trabalho, temos um dissídio coletivo.
Mas no dia a dia, o povo costuma chamar de “dissídio” aquele momento do ano em que acontece o reajuste salarial da categoria. Na prática, é isso que a maioria dos trabalhadores espera: o aumento anual do salário com base na inflação e em negociações sindicais.
Como funciona o dissídio salarial em 2026?
O dissídio salarial 2026 segue o mesmo padrão legal de outros anos, mas pode trazer algumas diferenças de valor por conta do índice de inflação, do crescimento (ou não) da economia e do poder de negociação de cada sindicato.
Funciona assim:
- Cada categoria tem um sindicato que representa os trabalhadores.
- Esse sindicato negocia com os patrões (ou sindicato patronal) o reajuste dos salários e outros direitos.
- Se houver acordo, ele é registrado em uma convenção coletiva.
- Se não houver acordo, pode ir para a Justiça e virar um dissídio coletivo judicial.
O reajuste aprovado vale para todos os trabalhadores daquela categoria, mesmo que não sejam sindicalizados, desde que trabalhem sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Quem tem direito ao dissídio?
O dissídio salarial vale para:
- Trabalhadores com carteira assinada (CLT);
- Funcionários de empresas privadas que pertencem a uma categoria com sindicato ativo;
- Colaboradores que estão em período de experiência (recebem o reajuste proporcional).
Não têm direito:
- Estagiários;
- MEIs;
- Autônomos e freelancers;
- Servidores públicos (que seguem regras próprias de reajuste).
Quais são os tipos de dissídio?
Existem basicamente dois tipos de dissídio no Brasil:
Dissídio coletivo
É quando o sindicato dos trabalhadores entra em negociação com o sindicato patronal. Se eles não chegam a um acordo, vão à Justiça do Trabalho pedir que um juiz decida.
Dissídio individual
É quando o conflito envolve um único trabalhador e seu empregador, como em casos de demissão injusta, atraso de salário, entre outros.
Mas quando o assunto é reajuste salarial anual, o que vale mesmo é o dissídio coletivo.
Qual é o índice de reajuste do dissídio 2026?
O valor do reajuste depende da negociação coletiva de cada categoria. Porém, geralmente é usado como base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias com renda de até 5 salários mínimos.
Por exemplo:
- Se o INPC acumulado de 2025 for de 4,5%, esse pode ser o percentual mínimo de reajuste em 2026.
- Mas o sindicato pode conseguir aumento real, ou seja, acima da inflação, dependendo da força da negociação.
Ou seja, cada categoria pode ter um índice diferente. Um metalúrgico, por exemplo, pode ter reajuste de 5%, enquanto uma professora de escola privada pode receber 6,2%, tudo depende da convenção coletiva.
Como saber a data do dissídio da minha categoria?
Cada categoria tem uma data-base diferente. Essa data-base é o mês em que o reajuste deve ser negociado ou aplicado.
Algumas datas comuns:
- Janeiro: comerciários, bancários, operários;
- Março: professores, trabalhadores da saúde;
- Maio: metalúrgicos, vigilantes;
- Setembro: motoristas, construção civil.
Para saber a data certa:
- Consulte o site do seu sindicato;
- Verifique seu contrato de trabalho ou o holerite dos anos anteriores;
- Pergunte ao RH da empresa.
O que acontece se a empresa não aplicar o dissídio?
Se a empresa não pagar o reajuste estabelecido em convenção coletiva, isso pode gerar problemas sérios. O trabalhador tem o direito de cobrar retroativamente, com juros e correção.
Veja o que fazer:
- Guarde comprovantes de salário;
- Faça uma denúncia no Ministério do Trabalho ou procure o sindicato da categoria;
- A empresa pode ser multada ou acionada na Justiça.
Diferença entre dissídio e reajuste salarial comum
Muita gente confunde dissídio com reajuste normal. Veja a diferença:
Dissídio Salarial | Reajuste Comum |
Ocorre na data-base da categoria | Pode ser a qualquer momento |
É definido por convenção coletiva | Pode ser decisão da empresa |
Tem valor mínimo obrigatório | Pode ser acima ou igual ao mínimo |
Vale para toda a categoria | Pode valer apenas para um grupo |
Como calcular o valor do reajuste do dissídio?
O cálculo é simples. Basta pegar o salário atual e aplicar o índice percentual do reajuste.
Exemplo prático:
- Salário atual: R$ 2.000
- Reajuste de 5%
Cálculo:
R$ 2.000 x 5% = R$ 100
Salário com reajuste: R$ 2.100
Se o reajuste for retroativo, ou seja, se o acordo for fechado depois da data-base, o trabalhador recebe os valores atrasados junto com o próximo pagamento.
O que mais é negociado no dissídio além do salário?
Nem só de salário vive a negociação coletiva. Outras cláusulas também são discutidas:
- Vale-alimentação e vale-refeição;
- Auxílio-creche;
- Participação nos lucros;
- Jornada de trabalho;
- Banco de horas;
- Plano de saúde;
- Piso salarial da categoria;
- Licença-maternidade estendida;
- Adicional por periculosidade ou insalubridade.
Tudo isso pode variar bastante de uma categoria para outra.
Dicas para acompanhar o dissídio 2026
Para não ficar perdido no meio das negociações e valores, siga estas dicas:
- Acompanhe o sindicato nas redes sociais e sites;
- Converse com colegas e representantes da CIPA;
- Peça ao RH para explicar o reajuste;
- Se o salário vier errado, documente tudo;
- Fique atento à assinatura da convenção coletiva;
- Se tiver dúvidas, procure um advogado trabalhista.
O reajuste do dissídio salarial 2026 vai impactar diretamente o bolso de milhões de brasileiros. Por isso, é fundamental entender como funciona esse processo, saber seus direitos e estar atento às negociações feitas pelos sindicatos.
Mesmo que a negociação não resulte num aumento expressivo, ao menos a correção pela inflação é obrigatória. E isso já ajuda o trabalhador a manter seu poder de compra. Quem sabe, com um bom acordo coletivo, ainda venha um aumento real para algumas categorias mais organizadas.
Ficar de olho no seu sindicato, se informar sobre a data-base e acompanhar as movimentações das negociações são atitudes essenciais para não ser passado para trás. Seu salário é fruto do seu trabalho, e garantir esse reajuste é também garantir respeito ao seu esforço.